À venda, uma relíquia do movimento modernista


O edifício da Rádio Tupi, na Rua do Livramento, no Rio de Janeiro (Foto Carlos Ivan/Agência O Globo)
O prédio dos Diários Associados, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1949 para ser a sede de importantes veículos de comunicação da época, como a revista O Cruzeiro, está anunciado para venda por R$ 35 milhões. Tombado em 1988 pelo município do Rio de Janeiro, o empreendimento de 4,5 mil metros quadrados na Rua do Livramento, na Saúde, preserva características da arquitetura moderna, como os cobogós (elementos vazados de cerâmica que proporcionam a entrada de ar e luz natural) e o terraço-jardim (que recupera o solo perdido, levando o jardim para a cobertura).
“É um prédio histórico e que, além de sua relevância arquitetônica, guarda importantes relíquias em seu interior, como os painéis de Alfredo Cesciatti, localizados no saguão do térreo”, situa o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico (Iphan), Carlos Fernando Andrade.
O prédio se destaca na paisagem por seu desenho moderno em meio a um espaço urbano ainda degradado. Sua inauguração naquele espaço tinha sido uma aposta na melhoria das condições urbanísticas da região. Passados pouco mais de 50 anos sem qualquer alteração no Plano Diretor, com o processo de revitalização da Zona Portuária, empreendido pela prefeitura desde o ano passado, Carlos Fernando acredita que haverá um maior diálogo do prédio com o entorno.
“Podemos fazer uma comparação do prédio com o Caixa D”Água do Alto da Sé, do arquiteto Luiz Nunes em Olinda. Ele criou um edifício moderno de linhas muito sóbrias num bairro histórico, com o objetivo de empreender uma transformação social na região”, destaca o presidente do Iphan.
Em julho deste ano, a empresa Diários Associados, atualmente responsável pelo Jornal do Commercio, Nativa FM e Rádio Tupi, encomendou uma avaliação do empreendimento. A intenção do presidente do grupo, Maurício Dinepi, é se mudar para um imóvel menor na região para reduzir os custos.
Com a avaliação, o secretário secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Felipe Goes começou a negociar a ocupação do imóvel pelo Comitê Organizador Rio 2016 e a Autoridade Pública Olímpica (APO). A prefeitura divulgou que não havia, em princípio, interesse em comprar o imóvel. A ideia é que, quando ele for vendido, uma cláusula obrigue o novo comprador a arrendar o prédio para o projeto das Olimpíadas. Cabe saber quem será o comprador e se este aceitará a proposta.
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