Consumidor deve exigir qualidade
Ao comprar um apartamento ou casa na planta é preciso ter em mente também a qualidade dos materiais de construção e da obra que vai ser feita. Assunto não tão rotineiro para o consumidor, a segurança e a qualidade tecnológica têm regras e devem ser seguidas.
Talvez o maior desafio seja o de enxergar os defeitos no sonho, que é a casa própria. “Será que a obra que vai ser entregue tem qualidade? Esta é a pergunta que as pessoas têm de fazer”, diz o vice-presidente da Associação Brasileiras de Empresas de Tecnologia da Construção Civil (Abratec), Roberto Falcão Bauer.
Mas, como os edifícios ainda não possuem um selo de controle de qualidade, é possível utilizar algumas ferramentas para conferir a segurança e a qualidade do que se está comprando. O primeiro passo é consultar a construtora em questão para saber se a obra do imóvel que será comprado na planta tem controle tecnológico.
Este tipo de serviço é feito por empresas de consultoria em construção, que têm o selo do Inmetro e que avaliam a qualidade da sondagem do solo – para saber qual o tipo de fundação ideal para o terreno – à qualidade do concreto.
O controle de qualidade da obra e dos materiais de construção garante, no futuro, a redução de custos com a manutenção de um imóvel e condomínio.
Segundo Falcão Bauer, é possível saber quais são itens que vão ser instalados na obra do imóvel comprado na planta. “Se na lista houver um item como louça de determinada marca, ou similar, a construtora deve dizer se este similar atende as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas)”, explica. “Isto garante o mínimo de qualidade.” Pode-se verificar itens simples como dobradiças e maçanetas até cerâmicas e esquadrias.
Na hora da entrega do imóvel, é possível verificar tudo o que foi instalado na obras. Inúmeras construtoras têm um check list que deve ser apresentado ao comprador por um engenheiro na hora da entrega do imóvel.
Engenheiro experiente, ele diz que as instalações elétricas e hidráulicas e até mesmo as garagens merecem muita atenção. São locais que podem apresentar problemas se o material instalado não tiver o mínimo de qualidade.
Padrão
O padrão do empreendimento – alto, médio ou popular – vai exigir níveis diferentes de controle tecnológico, mas mesmo os materiais mais econômicos precisam ter qualidade e respeitar as normas da ABNT. “Mesmo o popular tem de ter o mínimo de conforto térmico e durabilidade para diminuir os custos com manutenção”, diz Falcão Bauer.
“O ideal seria criar um selo em conjunto com o Inmetro para comprovar a qualidade da obra que vai ser entregue ao consumidor. Estamos trabalhando neste projeto”, afirma Ruy Thales Baillot, presidente da Abratec.
Baillot explica que o controle tecnológico da qualidade representa entre 0,5% e 1,5% do custo de uma obra. Este investimento inicial pode reduzir o custo com manutenção da obra nos primeiros cinco anos de utilização, período em que a construtora é responsável, segundo a legislação, pelo desempenho da obra.