Porto Alegre tem menor número de lançamentos imobiliários dos últimos nove anos
A diminuição das unidades em estoque demonstra que a procura continua estabilizada

Aproximadamente R$ 600 milhões foi o VGV (Valor Geral de Vendas) de unidades imobiliárias lançadas na capital entre janeiro e agosto de 2014. Esse número é R$ 490 milhões inferior ao que foi lançado em igual período de 2013. Segundo o Sinduscon-RS, neste ano, Porto Alegre recebeu 1658 unidades a menos do que em 2013: foram 986 imóveis lançados em 2014; já entre janeiro e agosto do ano anterior, 2.644. Dados do levantamento do sindicato mostram que desde 2007 o mercado não entrega tão poucas unidades: naquele ano, foram 1.305 nos doze meses.
A dificuldade de aprovação de novos projetos junto à Prefeitura Municipal provoca duas consequências evidentes: enquanto o mercado imobiliário da capital desacelera, cidades da região metropolitana crescem com a chegada de novos investimentos.
Não há uma diminuição da demanda, mas o mercado espera produtos novos. A vantagem para o comprador é que nesse momento as construtoras estão suscetíveis a negociar as unidades em estoque, podendo baixar preços, acredita Vinicius Batista, diretor comercial da Nex Group.
Como o período de lançamentos é o que normalmente recebe um maior esforço de divulgação e mobilização da força de vendas, uma decorrência paralela acaba sendo a diminuição da procura por imóveis.
O comprador não botou o pé no freio, mas tirou o pé do acelerador, comenta Ricardo Sessegolo, presidente do Sinduscon-RS.
A expectativa dos incorporadores é de que as aprovações voltem a ocorrer ainda este ano. Minha perspectiva é de que, assim que se conseguir regularizar as liberações, o mercado volte a aquecer com os lançamentos, observa Sessegolo.
A escassez atual de novos empreendimentos também pode gerar um efeito colateral a ser percebido no próximo ano. Quando os projetos começarem a ser liberados pela Prefeitura Municipal, a volta de novos produtos provocará, segundo Gustavo Kosnitzer, diretor da regional Sul da Rossi, um aumento de preços.
Já hoje o mercado comportaria mais ofertas, que não têm sido disponibilizadas por dificuldades de aprovação. A reposição é importante para acompanhar a demanda, já que o mercado gaúcho não tem picos de oferta ou retrações importantes, explica Kosnitzer. O que há em estoque é oportunidade de negócio, conclui.
Opinião das construtoras
Ricardo Sessegolo, presidente do Sinduscon-RS:
“A falta de novos empreendimentos, para o mercado, é muito ruim. Lançamentos movimentam a economia, os corretores e, por terem tradicionalmente uma divulgação maior, levam os consumidores em maior volume ao plantão de vendas.”
Vinicius Batista, diretor comercial da Nex Group:
“Prova de que a demanda continua existente são os produtos que colocamos no mercado. O cliente, seja consumidor de qualquer tipo de imóvel, procura unidades diferenciadas. Apesar disso, o foco em venda de estoque favorece o comprador, já que facilita a negociação das unidades que já passaram da fase de lançamento.”
Marcos Colvero, diretor de incorporações da Melnick Even:
“Os lançamentos movimentam a economia, impactando tanto a rede direta, como fornecedores de arquitetura e equipes de vendas, quanto mão de obra, impostos e investimentos em infraestrutura. Temos a expectativa de ainda lançar neste segundo semestre no mínimo três empreendimentos.”
Gustavo Kosnitzer, diretor da regional Sul da Rossi:
“Como não se tem lançamentos, logicamente é um período de boas oportunidades em queimas de estoque. Para estimularem a venda dos produtos já lançados, as construtoras investem em oportunidades e promoções.”
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