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Contrate certo na hora da reforma

Previsão é que o mercado permaneça aquecido (Foto: Divulgação)

A intenção do consumidor paulistano de comprar material de construção cresceu 32,5% no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2009, segundo levantamento da Escola de Negócios FIA. A previsão é que o mercado permaneça aquecido, principalmente depois da prorrogação, até o final do ano, do corte do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado na semana passada pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O benefício terminaria no final de junho.

Com tanta gente se programando para construir ou reformar, a procura por pedreiros, encanadores e marceneiros vai crescer mais ainda, e o consumidor precisa muita atenção na escolha do profissional, para evitar transtornos.

De acordo com Antônio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), o grande problema está no fato de a maioria dos profissionais do setor não ser qualificada. “Os materiais estão constantemente sendo modernizados, mas muitos operários do ramo não têm acompanhado a evolução”, explica.

Somado a isso, está à demanda crescente do setor. “Sempre tem alguém precisando reformar, construir ou apenas quebrar uma parede para colocar uma tomada. O setor não para de crescer e o trabalhador acaba não tendo tempo de se atualizar. Também falta interesse do profissional que, muitas vezes, não tem cultura de entrar em uma sala de aula para aprender”, afirma Flávio Machado, diretor da Loja Escola, que vende materiais de construção e oferece cursos na área de construção civil.

Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste), grande parte dos problemas que os consumidores têm com trabalhadores da área de construção civil está na falta de critérios na hora da escolha. “Os profissionais que as pessoas escolhem são, muitas vezes, amigos de amigos. Mas essa não é a hora certa para considerar o grau de amizade”, aconselha.

Mais importante que isso, segundo Maria Inês, é a celebração do contrato. “No documento, devem constar as características do trabalho a ser feito, prazos, forma de pagamento e outros. Até porque, sem o contrato, fica difícil que o profissional seja punido por descumprir o combinado e não será possível acionar um órgão de defesa do consumidor”, diz.

Mesmo assim, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta que, se profissional não cumprir o combinado, o consumidor pode exigir o cumprimento forçado da obrigação ou ser restituído da quantia paga.

O aposentado Moacyr Generoso é um exemplo dos problemas causados ao consumidor pela má execução de um projeto. O pedreiro que ele contratou para fazer uma reforma em sua casa errou nos cálculos e acabou atrapalhando uma festa que ele deu. “O ângulo da calha, por onde passa a água da chuva, estava errado e, no meio do churrasco, a água começou a cair sobre os convidados, que precisaram se amontoar no canto do quintal”, conta.

Para evitar este tipo de transtorno, Antônio Ramalho, da Sintracon-SP, recomenda que o consumidor tome três atitudes antes de escolher os responsáveis pela obra: visite construções nas quais o profissional a ser contratado já trabalhou; peça a um engenheiro experiente conselhos sobre o orçamento acordado; e vá a grandes lojas de material de construção, que sempre têm indicações.

Além disso, quando o consumidor for visitar uma obra da qual o profissional participou, é importante que procure o dono da casa e faça duas perguntas essenciais: Ele cumpriu o prazo? Terminou o serviço? “A pessoa pode perder tempo, mas com certeza vai evitar transtornos”, afirma.

O orçamento deve ser combinado antes do inicio da obra, mas é bom se preparar para surpresas. “Se você vai mexer no revestimento do banheiro, por exemplo, pode descobrir um problema no encanamento”, alerta o engenheiro Alberto Chierighini Filho.

Outra questão a ser observada é quanto ao pagamento. “Evite pagar antecipadamente. Se o serviço for simples, dá para acertar tudo no final. Se for mais demorado, combine pagamentos semanais. E o mais importante, acompanhe o andamento do serviço”.

O advogado Fábio Mariano passou por um grande transtorno por não ter seguido essas recomendações. “Um ano antes de casar, mandei fazer quase todos os móveis da casa, e paguei tudo logo no começo. Três meses antes do fim do prazo, liguei para o marceneiro e descobri que ele nem tinha começado o serviço”.

NO MÍNIMO, QUATRO TIPOS DE PROFISSIONAL PARA UMA OBRA – “São necessários quatro tipos de especialistas, no mínimo, para construir uma casa: O pedreiro, que mexe com o concreto, um eletricista, aquele que puxa os fios na estrutura e sabe onde vai a caixa de luz, o encanador, que separa água limpa de água suja e um carpinteiro, que coloca porta, telhado, telha etc”, explica Yiroshi Shimuta, diretor da Associação dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco).

Além disso, é importante contratar um bom mestre de obra. “Se você colocar mais de cinco pessoas trabalhando na construção, vai precisar de alguém pra monitorar e dar ordens, se não, só sai conversa e nada de trabalho”, brinca Shimuta. A figura do engenheiro, para assinar a obra, também é imprescindível.

De acordo com Shimuta, cada profissional tem um jeito de cobrar pelo serviço, mas há um padrão para ser seguido. “Um pedreiro ganha em média R$ 60 por dia, e o ajudante metade disso”.

Mesmo assim, na opinião de Shimuta, dá pra fazer reforma com pouco dinheiro e transformar estruturas, sem precisar construir de novo. “Reformas valorizam o patrimônio. Às vezes, uma tinta já muda a cara da casa”.

PROCURA-SE – As lojas de material de construção e locais que oferecem cursos na área podem indicar bons profissionais

Instituto Brasileiro do Cobre tem um programa para eletricistas testarem seus conhecimentos técnicos e práticos. Se o resultado for positivo, o profissional recebe um certificado e é cadastrado em um banco de dados que pode ser consultado no site www.encontreseueletricista.com.br/

Pintores podem ser encontrados por meio do site www.pintorprofissional.org.br/

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Redação ZAP

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