Opostos em harmonia
Como acertar na mistura de peças modernas com rústicas. Ou clássicas


No meio da sala da casa em Itacoatiara, Niterói, decorada com móveis rústicos, há uma TV de plasma — totalmente integrada ao ambiente. Assim como a clássica e imponente escrivaninha do século XIX de um apartamento do Leblon, que casa perfeitamente com a transparente cadeira de acrílico desenhada pelo mestre do design contemporâneo Phillip Starck. Qual o segredo dessa convivência tão harmônica entre estilos opostos?
— Não há certo ou errado, é uma questão de intuição. Móveis antigos, por exemplo, têm, paralelamente ao valor afetivo, um grande valor estético. Mas, como o que se busca hoje é a funcionalidade e a descontração, a mistura com móveis e objetos contemporâneos é muito bem-vinda — diz o arquiteto Jairo de Sender, autor do projeto do Leblon.
De Sender conta que a família proprietária do apartamento, de 450 metros quadrados, tinha um acervo de móveis antigos, dos séculos XVIII e XIX, e não queria se desfazer deles. A idéia era dar uma roupagem mais atual à decoração, explica o arquiteto:
— O projeto começou, então, com uma iluminação descontraída, feita com rasgos de luz indireta. Peguei o lustre de cristal que ficava sobre a mesa de jantar, customizei a peça com cúpulas de seda marrom e instalei no meio da sala principal — descreve de Sender, acrescentando que ainda criou um lounge circular, com uma mesa redonda e quatro poltronas giratórias de design bem clean, alternando-as com poltronas Luís XV, que são forradas com seda safira.
Rústico: clima de aconchego

A arquiteta Maria Fernanda Santos, que fez o projeto da casa de Itacoatiara, afirma que, para a mistura dar certo, é preciso integrar os diferentes estilos, o que pode começar pela arquitetura:
— Essa sala tem muito vidro, um material tecnológico, emoldurado por toras de eucalipto, um material da natureza. Para pendurar a TV de plasma, usei uma corrente antiga, de ferro. E, abaixo dela, coloquei um aparador de pinho-de-riga, típico de armazéns antigos, fazendo essa ligação do novo com o velho — detalha Maria Fernanda, que instalou ainda, na sala, um poste de luz antigo, feito de tora de eucalipto com detalhe de ferro.
A arquiteta Patrícia Marinho fez o contrário: a decoração contemporânea da sala de estar de uma cobertura na Lagoa foi pontuada com objetos rústicos, “para dar a sensação de lar, doce lar”:

— Nesse projeto, a arquitetura é muito limpa. São os complementos que fazem a diferença no ambiente. Usei materiais como o cimento, o aço inox e aí, num cantinho de leitura, a madeira bruta aparece em mesinhas de centro. É uma peça de design, mas que remete à natureza, dá uma personalidade ao ambiente.
Uma parede de tijolos aparentes foi o principal recurso usado pela arquiteta Risoleta Medrado para “esquentar a decoração” do apartamento de um casal jovem, no Alto Leblon, feita com móveis de design moderno, de linhas simples:
— O pai da cliente é o artista plástico Ivan Cascão, e a escolha dos móveis foi feita em cima de suas obras, bem contemporâneas. Assim, a parede de tijolos e um tapete magreb, artesanal, feito à mão, entram no ambiente para transmitir aconchego.

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