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Jardins nunca são iguais, mas podem ser categorizados em estilos. Enquanto o francês é todo certinho, simétrico, o tropical explode em exuberância. Se os japoneses convidam à reflexão e à contemplação com seus muitos elementos simbólicos, os contemporâneos são minimalistas. Embora obedeça a conceitos, a forma final de um jardim temático revela a arte dos paisagistas, que arquitetam formas, selecionam e distribuem plantas.

Da varanda de estilo clássico, se observa o jardim francês, com sua cerca de buxinho topiado e canteiros bem definido

Da varanda de estilo clássico, se observa o jardim francês, com sua cerca de buxinho topiado e canteiros bem definido

Rigidez francesa – O cliente foi claro quando contratou o paisagista Roberto Riscala para fazer o projeto do jardim de sua casa em estilo clássico, no Morumbi. “Ele me pediu um jardim que emoldurasse a morada da maneira mais francesa possível. Um lugar para observar da varanda”, conta Riscala.

Como a área de trabalho era uma grande laje sobre a garagem e a piscina coberta, o paisagista atuou junto com a equipe de engenharia que construía a casa. “Tivemos que fazer rebaixos em pontos estratégicos para as árvores de maior porte e para o espelho d”água”, explica ele.

O passo seguinte foi seguir o estilo pedido pelo dono, de um jardim formal. “O ponto central é o espelho d’água, a partir do qual foi desenhada toda a simetria do espaço”, afirma Riscala. Em volta do pequeno lago, onde foram colocados papirus, o paisagista criou o grande retângulo, delimitado por cercas baixas de buxinho topiado. Maciços de gardênias marcam os quatro extremos do retângulo e, fora dele, ficam árvores de maior porte, como plátanos, álamos e liquidambas.

Na parede do fundo, Riscala plantou murtas e pinheiros de várias espécies, como tuias-maçã, tuias-macarrão e kaizukas. No inverno, o rosa das azaleias tinge o verde. “É um trabalho que chamamos de bordadura, e que inclui o caminhos de pedriscos, outra característica do jardim francês”, diz o paisagista.

Lugar de reflexão – É preciso ter sensibilidade para entender um jardim japonês, diz a paisagista Ivani Kubo. “Cada elemento tem sua razão de ser. Uma pedra a mais destoa do sentido”, diz ela, neta de Sadatugo Kubo, que veio do Japão nos anos 50 e trabalhou fazendo jardins para a colônia. “Meu pai, Carlos, seguiu a profissão do meu avô, mas ele não tinha técnica, do que eu senti falta quando quis continuar a tradição da família. Por isso cursei Arquitetura.” Ivani lamenta que essa tradição milenar esteja se perdendo, inclusive no Japão, e luta para conservá-la. “A concepção do jardim japonês é a contemplação, é fazer com que o indivíduo volte para dentro de si mesmo e desenvolva sua espiritualidade”, explica.

A paisagista trabalhou com apenas 27 m² no jardim que projetou para a casa de fim de semana de uma família japonesa, em Vinhedo. De acordo com a tradição, o espaço, delimitado por uma parede de buxinho podado que mantém sua privacidade, é uma continuidade do estar e do spa. Rodeado de pedra de morro que formam caminhos, seixos rolados e pedriscos brancos, está o pequeno lago onde nadam carpas vermelhas. Ivani construiu uma ponte e fez uma cascata de pedra. “A água é sempre cristalina porque instalei um sistema de filtragem biológica.”

Ela explica que a cascata tem de estar sempre do lado esquerdo e no fundo, na posição do sol nascente. Cada espécie tem seu significado. O matsu (pinheiro japonês) representa o pai e precisa estar ao lado da cascata. O bambu mossô é a mãe e sua curvatura demonstra a devoção dela à família. As demais plantas são a descendência. Nesse jardim em particular, Ivani distribuiu azáleas, podocarpos, papirus, hera, nandinas, cavalinhas, peperônias e bromélias. O bambu, tão tradicional na cultura oriental, entrou em forma de arranjo e como filtro para a água que cai no lago. O último elemento simbólico é a lanterna toorô, de pedra, que significa a iluminação da mente.

Ivani conta que a matriarca da família dona da casa viveu o horror de Hiroshima e costuma refletir sobre a vida contemplando o jardim.

O gazebo de piaçava fica à beira de um espelho d’água, onde crescem espécies palustres e aquáticas

O gazebo de piaçava fica à beira de um espelho d’água, onde crescem espécies palustres e aquáticas

Paraíso tropical – O paisagista Gil Fialho encarou como desafio transformar um espaço de 4 mil m², apenas gramado e com algumas árvores antigas de grande porte, num paraíso tropical.

Em frente ao mar da Barra do Sahy, no litoral norte de São Paulo, o terreno da casa deveria mimetizar a exuberância da Mata Atlântica.”Um grande trunfo que encontrei quando comecei o projeto foi um muro verde de pândanus, plantado pelos nativos, que protege o espaço da ação do vento que vem do mar”, diz Fialho. “O resto fomos nós que colocamos.”

O paisagista afirma que, ao contrário do que se possa imaginar, um jardim tropical desta proporção requer mais planejamento do que um temperado. “Partimos da criação de um lago e de caminhos de areia.” A partir deles, Fialho espalhou plantas tropicais típicas, como helicônias, bromélias e acantáceas. Fez também um gazebo de piaçava com espelho d’água, onde crescem espécies palustres e aquáticas, como ninfeias, alface d’água e pingo d’água. “A ideia foi que as plantas crescessem como no brejo”, diz ele.

Fialho conta que teve de usar muita matéria orgânica e construir um sistema de irrigação automatizado para manter o jardim exuberante. “Além disso, a poda é indispensável para manter a insolação”, afirma o paisagista. “Mas todo esse trabalho vale a pena. Acho o jardim tropical 50 vezes mais interessante que os outros, pois atrai borboletas, beija-flores e os mais variados tipos de insetos, além de ser lindo de olhar.”

Ele também deu atenção especial à iluminação, para que o espaço possa ser usado à noite. “Colocamos luzes nos caminhos e em pontos estratégicos. O efeito é espetacular.” Apesar de exigir um intenso trabalho de paisagismo, o jardim tropical dá a sensação de que o homem não interferiu muito na paisagem. Sua essência é descontraída e avessa a simetrias.

A fonte de água com bica de bambu é mais um elemento da cultura japonesa nesse jardim inusitado

A fonte de água com bica de bambu é mais um elemento da cultura japonesa nesse jardim inusitado

Zen e sem plantas – Em 2008, as irmãs catarinenses Clarice e Juliana Castro, a primeira formada em engenharia e a segunda em arquitetura, mas ambas direcionadas para o paisagismo, foram convidadas para criar, numa mostra conceitual em Florianópolis, uma praça temática com inspiração em Tóquio.

O problema é que a área destinada a elas, de 200 m², ficava na garagem de um edifício, sem luz nem ventilação natural. “Foi uma oportunidade de mostrar que temos uma proposta de paisagismo diferenciado e que o projeto de um jardim não se faz somente com plantas”, diz Juliana.

A dupla focou a proposta na sutileza e na tranquilidade dos jardins zen, foi em busca de elementos da cultura tradicional japonesa e fez uma leitura ocidental e arquitetônica do tema. “Apostamos na iluminação para destacar os outros elementos, como a água, o pedrisco e a madeira”, explica a arquiteta.

O desenho do espaço seguiu o espírito minimalista dos jardins contemporâneos, com traços retilíneos e limpos. Tirando partido da luz para valorizar os materiais empregados, cada parte desse jardim sem plantas ganhou iluminação especial, que ajuda a criar efeitos marcantes. Spots de LEDs de cor âmbar foram embutidos nos rodapés do deck para fazer sobressair a textura granulada do pedrisco.

O espelho d’água foi usado como refletor do painel de fundo, em que hastes de bambu sustentam cordões com centenas de pedaços de papel em que as pessoas escrevem seus desejos- os conhecidos varais da sorte. “Usamos LEDs azuis com facho fechado para iluminar os papéis brancos, que tiveram sua imagem reproduzida na superfície do espelho d’água”, diz Juliana.

A fonte de água com bica de bambu e a bacia com canequinhas, também de bambu, foram iluminadas com LEDs brancos em fachos fechados, que destacam a presença do líquido. A iluminação âmbar voltou para evidenciar a textura macia da madeira clara e um facho linear indica o caminho de circulação dos visitantes. “Isso trouxe aconchego para o espaço, que poderia ser frio por conta dos poucos elementos.”

Contrariando a reação inicial de algumas pessoas, que estranharam o conceito, o trabalho rendeu prêmios a Clarice e Juliana, donas do escritório de paisagismo Jardins e Afins, e representou o Brasil em uma exposição no Panamá.

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