Classe C vai às compras, mas tem medo de não poder pagar

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(Foto:Stock.kkma)

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A nova classe média, que representa 52% da população, entrou no foco das construtoras brasileiras nos últimos três anos. Sem inflação e com uma política habitacional que facilita e prioriza o crédito nessa faixa, a classe C e a população de baixa renda são encaradas pelos operadores como o passaporte para o crescimento em um mercado que viveu em crise por mais de dez anos.

Apesar de estar na mira das construtoras, a população de menor poder aquisitivo tem hábitos de consumo ainda pouco conhecidos. Para reverter esse quadro, estudos e pesquisas tentam entender o que essa população está buscando e como se comporta na hora de escolher um imóvel. Um dado curioso, segundo o consultor Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, instituto de pesquisa especializado no mercado de baixa renda, é que no Brasil apenas 17,6% das pessoas pagam aluguel. Apesar disso, o maior sonho do brasileiro ainda é a casa própria.

“A classe C, que cresce ano a ano, está mudando a estrutura do consumo no Brasil”, diz Meirelles. Segundo pesquisa do Instituto, de 2002 a 2008, a renda das classes C, D e E cresceu R$ 163 milhões. É o mercado que mais cresce no Brasil. Com necessidades muito diferentes das classes A e B e mais dinheiro no bolso, sai em busca de seu sonho. “No Brasil, temos uma característica importante nessas famílias. Quanto menor a renda, mais gente mora na mesma casa e isso por si já distingue muito bem este mercado imobiliário dos consumidores do topo da pirâmide”, afirma.

Segundo o consultor, para ter sucesso em um mercado que movimenta R$ 620 bilhões por ano é preciso compreender como se dá o processo de compra do consumidor de baixa renda. “A proporção de pessoas com imóvel próprio é menor nas classes C, D e E, mas em contra partida vê-se que este público é muito mais jovem que os da classe A e B. Sendo assim, o número potencial de famílias é maior”, afirma Renato.

O consumidor de baixa renda, segundo Meirelles, tem mais medo de não receber o imóvel, pois se sacrificou para conseguir o dinheiro necessário para comprá-lo. A ligação com o bairro também é outro fator que deve ser levado em conta, pois geralmente na vizinhança estão concentrados seus familiares. Além disso, ele cria uma rede de apoio social – a vizinha olha as crianças, por exemplo – que se perderia.

Na hora da compra, os consumidores da base da pirâmide, segundo pesquisas feitas por Meirelles, se orientam principalmente pela possibilidade de pagar o financiamento. “Eles têm medo de não conseguir pagar o imóvel ou de atrasar as parcelas, enquanto as classes A e B se preocupam mais com exclusividade e segurança”, diz Meirelles.

Os operadores devem ter cuidado na hora de fechar o negócio, além de tentar convencer o cliente de que tudo dará certo. “Ser honesto e deixá-lo seguro é o mais importante”, diz.

CLASSE MÉDIA E O MERCADO – Todo o ano, surgem no Brasil 1,2 milhões de novas famílias, 80% nas classes C, D e E. Apenas 17,6% dos brasileiros pagam aluguel. E para 45% da população, o maior sonho é a casa própria. Isso ocorre porque muito ainda moram com os pais.

O jovem de alta renda compra o primeiro imóvel, o de baixa renda compra o que provavelmente será o único imóvel de sua vida.

De acorco com dados, 75% dos consumidores de classe C tem algum tipo de receio ao comprar um imóvel, contra 45% na classe A. O consumidor de baixa renda prefere permanecer no bairro onde mora.

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