Taxa de juros no Brasil está entre as mais altas do mundo, revela estudo
Com a ampliação de crédito para a compra de imóveis, ficou mais fácil sonhar com a casa própria. Mas os juros dos empréstimos imobiliários no Brasil, apesar de em queda, ainda são apontados por especialistas como um obstáculo para a redução do déficit habitacional. De acordo com estudo da consultoria AT Kearney, feito com cinco […]

Com a ampliação de crédito para a compra de imóveis, ficou mais fácil sonhar com a casa própria. Mas os juros dos empréstimos imobiliários no Brasil, apesar de em queda, ainda são apontados por especialistas como um obstáculo para a redução do déficit habitacional. De acordo com estudo da consultoria AT Kearney, feito com cinco nações, as taxas cobradas por aqui estão entre as mais altas do mundo.

Tarifa do Brasil, com 11,3%, só perde para a Rússia, com 14,5% (Foto: Divulgação)
A pesquisa faz uma análise da situação de cinco países: Brasil, Estados Unidos, Espanha, Rússia e Chile. Ao comparar os juros médios do crédito imobiliário, o Brasil, com 11,3%, só perde para a Rússia, onde a taxa, atualmente, é de 14,5%. A menor taxa ficou com a Espanha, de 3,4%, enquanto os EUA cobra 4,9% e o Chile, 3,4%.
Já ao analisar o spread médio no segmento imobiliário, o país assume primeira posição no ranking, com 5,05 pontos percentuais, contra 3,1 na Rússia, 4,8 nos EUA, 3 pontos percentuais no Chile e 2,2 na Espanha. Spread é a diferença entre a taxa que a instituição financeira paga ao captar o dinheiro e a que cobra ao repassá-lo para o cliente.
O diretor da AT Kearney Daniel Cunha atribui a disparidade das taxas no país a três razões. A primeira delas é a baixa competitividade entre os bancos, que contribui para a manutenção das altas taxas de juros. Atualmente, a Caixa Econômica Federal (CEF) detêm 75% dos contratos na carteira de crédito imobiliário. A segunda é o fato de que a maior parte dos empréstimos imobiliários ainda estão atrelados às normas antigas, que não exigiam alienação fiduciária e sim hipoteca, tornando o risco da operação para o agente financeiro maior. Além disso, a burocratização também contribui para o encarecimento das taxas. E, por último, a falta de um mercado secundário, como a securitização, que permite que carteiras de crédito sejam vendidas para investidores no mercado.
Apesar do custo elevado na comparação com outros países e do cenário atual não ser tão favorável, o crédito imobiliário deu um salto no Brasil. Segundo dados do Banco Central (BC), esses empréstimos cresceram 51% nos 12 meses terminados em agosto, ante expansão de 19% do crédito de maneira geral. A implementação do programa Minha Casa, Minha Vida também contribui para a elevação das projeções. Hoje, a fatia do crédito imobiliário em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) é de 3% no Brasil, enquanto na Espanha a proporção é de 26% e no Chile, de 27%.
De acordo com Cunha, o setor continuará a crescer, devido à maior participação dos bancos privados na concessão de crédito para compra do imóvel, além da estabilização da economia, que estimulará credores a realizar mais operações.
“Com as mudanças regulatórias em 2004, quando se instituiu, por exemplo, a alienação fiduciária, que determina que o banco pode retomar com mais facilidade o bem em caso de inadimplência do devedor, as instituições privadas começaram a participar mais da carteira de crédito imobiliário, aumentando a competitividade. Apesar de ser ainda um mercado embrionário, acredito que, com visibilidade maior do que vem pela frente, os bancos comecem a equilibrar suas taxas”, explica o diretor.
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