A iluminação, a cor das paredes, a disposição dos móveis e objetos de decoração e até a quantidade de plantas dentro de casa: tudo pode influenciar na saúde mental dos moradores. A chamada neuroarquitetura, que é a neurociência aplicada à arquitetura, comprova que os ambientes têm impacto no cérebro das pessoas, gerando reações, mudança no comportamento e até manifestações físicas.
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“O tempo todo – a cada experiência que vivemos – estamos criando novas conexões nervosas. A gente vai se moldando aos alimentos, ao que as pessoas nos falam e também aos espaços. Então, os ambientes nos causam sensações. Podem causar bem-estar ou o contrário: perturbações emocionais, psicológicas e até físicas, patologias mesmo”, ressalta a arquiteta Adrielly Barron, especialista em neuroarquitetura, do escritório Studio BioarQ.
Não existe uma fórmula pronta para melhorar a saúde mental que possa ser aplicada em qualquer decoração. Adrielly diz que é fundamental saber detalhes da personalidade de quem mora no local para que o projeto seja individualizado.
“Mas a gente sabe que (a moradia) precisa de iluminação e ventilação naturais e que precisamos eliminar dos ambientes o máximo possível de compostos voláteis e agentes tóxicos, metais pesados. E usar mais fibras naturais e texturas que sejam de acordo com a personalidade e objetivo de vida da pessoa”, explica a arquiteta.
Para o arquiteto Vanderlei Rotelli, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), a casa precisa de bons espaços de circulação. Uma quantidade muito grande de móveis tende a dificultar a limpeza, a ventilação e a troca de ar dos ambientes, o que vai aumentar o estresse e o cansaço mental.
“É importante a organização e a adequação dos móveis de acordo com as necessidades dos moradores. Quem tem muitos livros, por exemplo, precisa de um móvel para organizá-los. A bagunça e a desorganização, de forma geral, são ruins para a saúde mental”, afirma.
Segundo Adrielly, pessoas distraídas, com dificuldades de foco, vão perder a energia em um local com muitos móveis. Já quem é sistemático e rígido, vai se beneficiar de conforto e mobiliário mais afetivo.
As cores nas paredes e a iluminação são muito importantes para a saúde mental. “Para espaços pequenos, o ideal são as cores claras, que vão deixar o ambiente mais claro, pelo reflexo da luz, e mais calmos”, diz Rotelli.
Já a especialista em neuroarquitetura explica que, se uma pessoa tem insônia, por exemplo, deve-se intensificar o uso de cores claras e iluminação indireta no quarto para ajudar na produção de melatonina à noite.
Se você quer uma boa saúde mental, tenha plantas. Adrielly Barron garante que elas são fundamentais. “Se não tem planta, não é um lugar ideal para ter seres humanos. São indicadas para todos os ambientes. Elas têm um papel na qualidade do ar e são seres vivos, mexem com o afetivo e o emocional. O não contato com a natureza nos adoece”.
O primeiro passo é escolher móveis confortáveis e que proporcionem a sensação de aconchego. Se forem espaços de longa permanência, cores mais claras são mais interessantes. Deixe as cores mais fortes para os detalhes de decoração, como almofadas, objetos e quadros. Também é interessante que a iluminação seja adaptável ao uso, o que significa ter mais de um sistema, com focos direto e indireto.
O ambiente deve tranquilizar as pessoas, preparando-as para dormir, reduzindo a correria. Para isso, a iluminação deve ser mais difusa, com o uso de lâmpadas que tenham uma temperatura de cor mais baixa, com a luz mais próxima do tom amarelado. Também é interessante que sejam utilizados abajures nas mesas de cabeceira, fornecendo iluminação suficiente para a leitura de um livro, mas sem a necessidade de que a pessoa levante para apagar a luz. Cores neutras e tons pastéis também são as mais indicadas.
É um dos ambientes de maior permanência nas casas, onde é feito grande parte do trabalho doméstico, por isso as cozinhas devem ser práticas e eficientes. O uso de cores claras passa a impressão de limpeza e organização. É um local propício à colocação de plantas, seja como uma horta próxima à janela, por exemplo. Não é ruim o uso de cores mais fortes, mas elas tendem a ficar cansativas depois de um tempo.
Apesar de ser um ambiente de pouca permanência, também deve ser relaxante. O box deve ter um revestimento cerâmico, mas por fora pode receber outros revestimentos, como a pintura. As cores claras tendem a ampliar os espaços, algo importante em locais pequenos como os banheiros. A iluminação direta é a mais indicada. É interessante a colocação de plantas, mas precisam ser escolhidas espécies que não necessitam de tanta luz e que suportem a umidade do ambiente.
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