Portaria remota: como funciona e quais são as vantagens e desvantagens
A tecnologia cada vez mais faz parte da vida das pessoas e transforma o cotidiano das grandes cidades. Ela está inserida em várias soluções, desde as simples até as mais complexas, e já faz parte da rotina de muitos condomínios.
Uma dessas aplicações é a portaria remota.
Para a presidente da ABESE (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança), Selma Migliori, o crescimento do mercado de portarias remotas se deve ao investimento na tecnologia em busca de mais segurança, respaldo e equilíbrio do orçamento.
Essa solução tem se expandido nos condomínios por todo o Brasil, graças aos benefícios oferecidos por ela, como uma economia de 50% a 70% nos custos do condomínio.
Porém, alguns aspectos negativos devem ser considerados. A seguir, conheça os prós e contras de investir na portaria eletrônica remota.
O que é uma portaria remota?
A portaria remota é um sistema que utiliza recursos tecnológicos, como câmeras, interfone, sistemas de comunicação e acesso remoto, para monitorar a entrada de pessoas em condomínios, empresas ou prédios comerciais.
O especialista em tecnologia de segurança de condomínios do MinhaPortaria.com, Walter Uvo, explica mais detalhes do sistema.
“Imagine morar em um condomínio onde, em vez de avisar o porteiro sobre a chegada de visitas, o morador envia um código QR Code que libera a entrada diretamente para o celular dos convidados”, detalha.
“É a realidade de condomínios que trocaram a portaria presencial pela remota, ou seja, reuniram o atendimento operacional de um condomínio em uma central à distância e tudo é realizado por meio da tecnologia”, acrescenta ele.
Qual é a diferença entre portaria remota e virtual?
O sistema remoto é diferente da portaria virtual, em que o atendimento aos visitantes é feito diretamente pelo condômino, com um interfone e sem a mediação de um profissional.
Já o atendimento em uma portaria remota se dá pela central de monitoramento, disponível 24 horas por dia.
Vamos entender esse funcionamento a seguir.
Como funciona a portaria remota?
Nas portarias remotas, as câmeras de vigilância e demais aparatos são instalados na entrada do edifício e conectados a uma central de monitoramento 24h, que substitui a presença de um porteiro presencial.
O uso funciona da seguinte maneira: ao chegar, o visitante aciona o interfone e se comunica, de forma remota, com um atendente localizado em uma central.
Esse atendente verifica a identidade do visitante, por meio de câmeras e/ou outros recursos (como biometria, reconhecimento facial ou cartões de acesso), e autoriza ou não a entrada.
Já os moradores utilizam aplicativos ou dispositivos de identificação para entrar no condomínio.
Vantagens da portaria remota
Walter Uvo aponta a segurança dos moradores como uma das principais vantagens da portaria com sistema remoto.
Para ele, isso ocorre “porque 80% de todos os processos de validação de entrada e saída de visitantes, prestadores de serviço e habitantes são checados eletronicamente, o que minimiza a possibilidade de falhas que tornam o condomínio vulnerável”.
Já para Rodrigo Karpat, advogado especialista em Direito Imobiliário e sócio do Karpat Advogados, a versatilidade ajuda na segurança predial.
“Em alguns condomínios, é preciso cadastrar o RG, que fica gravado. Em outros, todos os moradores precisam passar por cadastramento. Também é possível liberar o acesso de pessoas e funcionários apenas durante o período que o morador autorizar”, exemplifica.
“Isso fornece um controle melhor do prédio. O acesso ainda pode ser feito com chave ou digital: o chaveiro oferece um risco maior, porque pode se perder ou ser emprestado, já a digital é mais eficiente”, acrescenta Rodrigo.
Ambos os especialistas ainda creditam os custos como um dos principais benefícios, como veremos a seguir. Vem conferir mais detalhes sobre essas vantagens!
Segurança
O ganho de segurança é, sem dúvidas, um dos grandes pontos positivos das portarias remotas. Com esse sistema, as entradas e saídas são monitoradas em tempo real pela central de segurança, 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Isso permite um controle de acesso ao prédio muito mais rigoroso e eficiente.
Além disso, esse tipo de tecnologia utiliza câmeras de alta definição e sistemas de interfonia que possibilitam a identificação detalhada de todos que acessam o condomínio.
Esse detalhamento faz toda a diferença em uma emergência, permitindo a identificação rápida de suspeitos e pessoas não autorizadas.
Economia
Um dos principais motivos que leva um condomínio a adotar a portaria remota é a proposta de redução dos custos.
De acordo com Rodrigo Karpat, “há portarias remotas que chegam a reduzir pela metade os custos, porque o gasto com mão de obra chega, em média, a 50% ou 70% das despesas totais do condomínio”.
“Caso um condomínio tenha uma portaria 24 horas, um zelador e um faxineiro, os custos chegam a algo em torno de R$20 mil, a depender do tempo que estão, se são terceirizados”, complementa o advogado.
Essa economia pode ser direcionada para outras operações no prédio, como manutenção predial ou melhorias nas áreas comuns, por exemplo.
Comodidade
A comodidade oferecida pelas portarias remotas é um fator que conquista tanto os moradores quanto os administradores do condomínio.
Com essa tecnologia, a gestão de entregas, correspondências e visitas é facilitada: todas essas tarefas passam a ser cuidadas pela central de monitoramento, de maneira integrada e muito mais eficiente.
Isso elimina preocupações e garante maior agilidade nos processos. Além disso, os moradores têm a praticidade de acessar o prédio por meio de aplicativos de celular ou tags eletrônicas, evitando o uso de chaves físicas.
Registro e monitoramento de atividades
Com todas as entradas e saídas registradas eletronicamente, a portaria com tecnologia remota possibilita o acesso a informações detalhadas sobre o fluxo de pessoas.
A opção de consultar esse histórico de forma prática e rápida pode ajudar em diferentes situações, como:
- resolução de conflitos;
- investigação em caso de incidentes;
- tomada de decisões sobre a segurança e o funcionamento do prédio.
Desvantagens da portaria remota
Para o advogado Rodrigo Karpat, um ponto negativo é que o condomínio precisa se adequar para receber as ferramentas tecnológicas que permitem o acesso à portaria remota.
“Existem as tecnologias, deve haver conexão com um computador e a rede de Wi-Fi, e é necessário um no-break para caso a energia caia. Às vezes, é preciso trocar o maquinário da porta, o portão precisa estar hábil”, exemplifica.
Para além desses detalhes, é importante considerar outros pontos negativos, como os destacados a seguir.
Dependência da conexão à internet
O sistema das portarias remotas necessita de uma conexão estável e rápida para funcionar corretamente.
Isso significa que, em caso de falhas ou interrupções na internet, o controle de acesso ao prédio pode ser comprometido. Com isso, a segurança também fica comprometida.
Para evitar esse problema, o condomínio precisa investir em uma internet de qualidade ou soluções para garantir que o sistema continue operando mesmo em caso de falhas na conexão.
Vulnerabilidade a ataques cibernéticos
Como a portaria remota depende de sistemas digitais e internet, ela corre o risco de ser alvo de criminosos cibernéticos.
Se o sistema sofrer um ataque, dados sensíveis podem ser expostos ou pessoas não autorizadas podem conseguir acesso ao prédio.
Por isso, é fundamental que o condomínio escolha uma fornecedora confiável do serviço, e invista em medidas robustas de segurança cibernética, como criptografia de dados e firewalls, por exemplo.
Falta de adaptação dos moradores
Para Selma Migliori, a falta de adaptação por parte dos moradores também pode ser um desafio.
“Apesar dos benefícios, a solução tecnológica enfrenta resistência de moradores que temem não se acostumar com a mudança de não ter mais um porteiro para serviços como abrir portas e ajudar a carregar compras, entre outras gentilezas do dia a dia”.
Porém, a presidente da ABESE destaca que os porteiros estão sendo requalificados para assumir outras funções, como o trabalho em centrais de monitoramento, atividades de atendimento, instalações de sistemas, desenvolvimento de softwares, etc.
Além disso, para facilitar a adaptação, é importante fornecer treinamentos e suporte adequado aos moradores.
Limitações em situações de emergência
Embora as centrais de monitoramento possam acionar os serviços de emergência com agilidade, a presença física de um profissional, como o porteiro ou zelador, pode fazer a diferença em um momento de urgência.
Alguns casos, como um incêndio ou uma emergência médica, podem enfrentar atrasos na resposta e uma complicação na gestão da situação sem o apoio deste profissional pessoalmente.
Por isso, é importante que o condomínio tenha um plano de emergência bem estruturado e claro para os moradores. Assim, todos sabem exatamente o que fazer em casa de urgência.
Quais são os custos de uma portaria remota?
Os custos das portarias remotas variam de acordo com o fornecedor, a cidade, a quantidade de unidades no prédio e o nível de tecnologia do sistema.
No entanto, o investimento inicial costuma ser mais alto, ficando entre R$20 mil e R$40 mil, a depender dos ajustes necessários para receber a tecnologia.
Além disso, há também os custos mensais, que ficam entre R$4 mil e R$7 mil. Eles consideram gastos como taxas de uso de softwares, atualizações do sistema e manutenção, por exemplo.
“Então, muitas vezes, para reduzir os custos e manter alguém cuidando presencialmente do prédio, os edifícios optam por um sistema híbrido, com a tecnologia remota, mas ainda um faxineiro ou um zelador”, explica o advogado Rodrigo Karpat.
Os valores são altos, mas é importante lembrar que o condomínio economiza com mão de obra e ganha em segurança, praticidade e eficiência. Por isso, vale considerar a mudança ou até mesmo adotar o sistema híbrido.
Como acontece o recebimento de encomendas na portaria remota?
Outra questão que costuma ser levantada em relação a portaria não presencial diz respeito às entregas de correspondências e delivery. Walter Uvo explica que isso depende das regras de cada condomínio.
“Sobre o serviço dos Correios, cada edifício estabelece um procedimento específico e votado em assembleia de moradores.”
“Alguns optam por estabelecer que somente o morador pode receber as próprias correspondências, enquanto outros estipulam que isso fique a cargo de um zelador”, explica ele.
“Também há quem automatize esse processo com armários eletrônicos para cada apartamento. Com eles, uma mensagem é enviada para o celular dos moradores assim que uma correspondência chega, o que facilita o recebimento”, acrescenta.
Qual é o perfil de condomínio ideal para ter uma portaria remota?
Alguns perfis de condomínios se adequam melhor ao sistema de portarias remotas. Para Rodrigo Karpat, são os prédios menores.
“É mais fácil, porque tem menos gente. Os maiores vão demandar muito, porque costumam ter mais de uma portaria, então colocam a remota em uma entrada lateral ou de mudança, em vez de manter uma pessoa fixa”, justifica.
Walter Uvo também defende que alguns tipos de condomínios sentem de forma mais expressiva os impactos positivos dessa tecnologia.
Para ele, os benefícios são mais percebidos em condomínios de até 60 unidades, em que é possível obter aumento na segurança e uma efetiva redução de custos na taxa de condomínio dos moradores.
“Em condomínios maiores, a redução também acontece, uma economia de 5 a 10 mil reais por mês. Porém, como esse valor é diluído em muitas unidades, o morador não percebe, apesar de estar se beneficiando com a segurança e o equilíbrio financeiro”, conclui o especialista.
Conclusão
A tecnologia avança cada vez mais rápido e traz com ela soluções que facilitam o nosso dia a dia. No contexto da moradia, as portarias remotas são um ótimo exemplo dessa praticidade.
Apesar de apresentar possíveis desafios, como a necessidade de adaptação do condomínio e resistência por parte de alguns moradores, os benefícios em economia, praticidade e segurança tornam o sistema uma opção atrativa.
Como vimos neste conteúdo, é importante ponderar todos esses fatores e os custos da tecnologia antes de implementá-la, mas a tendência é encontrar cada vez mais condomínios com o acesso remoto.
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