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Volta do IPI ameaça empregos, alerta OIT

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Genebra – A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta para o risco de que o fim prematuro dos incentivos fiscais – como a isenção de IPI – no Brasil gere uma nova onda de demissões no setor industrial, como ocorreu no início de 2009. Outro sério problema para a recuperação é a persistência da falta de qualificação dos trabalhadores brasileiros diante da baixa escolaridade média.

A OIT estima que até junho a crise econômica tenha eliminado 20 milhões de empregos no mundo. Nos países emergentes, a volta aos níveis de emprego anteriores à da crise ocorreria em 2011. Os países ricos teriam de esperar até 2013 ou 2014.

A OIT, diante de uma recuperação que ainda considera frágil, apelou ontem para que os pacotes de estímulo em todo o mundo não sejam retirados. Se isso ocorrer, outras 43 milhões de pessoas serão expulsas do mercado de trabalho – 5 milhões de trabalhadores perderão o emprego quase de imediato.

No início da crise, a OIT estimou que até 59 milhões de pessoas ficariam sem trabalho entre 2008 e 2009. No total, um recorde de 239 milhões de pessoas não teriam emprego até o fim do ano. Isso significaria uma taxa média de desemprego no mundo de 7,4%. O recorde anterior foi de 2003, com 6,5%. Com os pacotes de incentivos, muitos empregos foram salvos, avalia a OIT.

O apelo pela manutenção dos pacotes também é direcionada ao Brasil, à China e à Índia. Juntas, essas economias foram responsáveis pela metade dos novos desempregados no primeiro trimestre do ano. A projeção é que nos países emergentes os níveis de emprego voltarão ao período pré-crise apenas no início de 2011. O cenário é mais favorável que o dos países ricos. Mas há o risco de uma retirada prematura dos pacotes, o que prolongaria a crise no mercado de trabalho, segundo a OIT.

“É bom que haja um crescimento de novo na economia mundial. Mas a crise de empregos não acabou”, alertou Raymond Torres, diretor da OIT para políticas de emprego. “Em muitas empresas, os empregos foram mantidos graças aos incentivos dos governos”, disse. “Se essas medidas forem agora retiradas, sem um crescimento sustentável, milhões perderão seus trabalhos.”

Apenas nos três primeiros meses deste ano, 1 milhão de empregos foram perdidos na América Latina. No Brasil, 490 mil trabalhadores foram demitidos entre janeiro e junho, uma das quedas mais pronunciadas. Mas a OIT admite que a crise no Brasil foi de curta duração. No terceiro trimestre, 417 mil empregos foram gerados.

A OIT elogiou o fato de que o País está superando a queda nos postos de trabalho e os seus problemas de forma mais rápida que outros mercados emergentes. Entre março e setembro, a taxa de desemprego caiu de 9% para 7,7%.

CUIDADO COM O IPI – Por enquanto, a retomada no Brasil é alimentada pelos incentivos ao consumo no mercado doméstico e um pacote de estímulo equivalente a 1,5% do PIB. O aumento de 6% no salário mínimo também beneficiou 40% dos trabalhadores. Para a OIT, o Brasil demonstra que a elevação do salário não gera maior informalidade, já que essa taxa tem caído.

Para a OIT, o principal desafio do governo agora será de como irá retirar o incentivo da redução de IPI sem gerar uma queda brusca no mercado de trabalho. Informa a organização: “O desafio continua a ser o de retirar o estímulo sem reduzir o crescimento e a geração de empregos”.

Outro desafio é a falta de trabalhadores qualificados. A OIT estima que a baixa escolaridade é um obstáculo para maior produtividade do trabalhador brasileiro. Em média, um brasileiro frequenta a escola por 7,3 anos. Nos países ricos, a taxa chega a 12 anos. O resultado é a persistência da falta de mão de obra qualificada no País, ainda que o desemprego caia.

Outro alerta da organização está relacionado com o número de pessoas que recebem o seguro-desemprego. No Brasil, 93% dos desempregados não contam com nenhum tipo de ajuda. Nos países ricos, essa taxa é de 55%. No Chile, Uruguai e na Costa Rica, a taxa é de 80%.

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