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Faltam vagas nos mais antigos

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Nilton Fukuda/AEZap o especialista em imóveisPrédios modernos se vendem com a vasta oferta de vagas de garagem, o que não ocorre com os mais antigos

O prédio onde mora a industrial Márcia Pescarmona, na divisa entre os bairros Pacaembu e Higienópolis, na Zona Oeste da Capital, é da época em que havia na cidade de São Paulo 50 paulistanos para cada carro. O legado disso é que, assim como em muitos outros edifícios antigos das redondezas, o número de vagas de garagem, até outrora suficiente, ficou ultrapassado e desproporcional para os padrões do atual mercado imobiliário paulistano.

Hoje, seria inconcebível imaginar, por exemplo, um apartamento de três dormitórios e mais de 120 metros quadrados de área útil com apenas uma vaga de garagem, como é o caso do imóvel de Márcia. Enquanto o prédio dela, conta com apenas 13 vagas para 20 unidades, um outro edifício de alto padrão no mesmo quarteirão, entregue há dois anos, oferece garagem para quatro carros por unidade.

“Quando nós compramos aqui (há 29 anos) só tínhamos um carro. Hoje temos três e apenas uma vaga”, relata a industrial, que gasta R$ 140 reais por mês por uma vaga em período integral em um estacionamento em frente ao seu prédio, enquanto o outro carro ‘dorme’ na rua. “É a única opção que temos. O problema é que, às vezes, meu marido não encontra vaga para parar na rua.”

Pensar em se mudar ela até que pensou, mas sabe que não encontraria um imóvel na mesma região e com mais vagas para estacionamento por um preço acessível. “O nosso prédio é muito bom, mas é antigo. Se eu fosse vender não conseguiria mais do que R$ 200 mil e você já viu quanto custa um apartamento como o meu hoje? É um absurdo”, comenta Márcia.

Uma unidade naquele prédio novo citado acima – com quatro vagas de carro -, por exemplo, custa mais de R$ 500 mil.

Pior no Centro

Esse impasse, aliás, é vivenciado por centenas de outros moradores da cidade, principalmente por aqueles que residem na região central, como Santa Cecília, Higienópolis e Consolação, onde concentram-se os prédios mais antigos da Capital.

Alguns condomínios até conseguem fechar acordo para incorporar um terreno próximo para construir vagas de garagem extra. Por falta de espaço ou consenso, outros, porém, acabem recorrendo mesmo aos estacionamentos 24 horas, que têm crescido nessas localidades.

O funcionário de um estacionamento em Higienópolis conta que ampliou o espaço quatro vezes para dar conta da demanda de veículos, são pelo menos 140 mensalistas, a maioria moradores sem garagem.

Uma delas é a dona de casa Vânia Machado, que paga R$ 300 mensais para guardar os dois carros que tem. “É um incômodo porque tem dia que não há vaga até no estacionamento. Mas todos sofrem com o mesmo problema”, relata Vânia.

Ela confessa que comprou seu imóvel de dois dormitórios sem vaga de garagem por causa do preço. “A (falta de) garagem pesou um pouco na decisão, mas o imóvel era barato e bem localizado”, lembra.

Quando ela comprou, há dez anos, entretanto, só tinha um carro e hoje são dois. “Não sei se compensa mais”, questiona.

Já os moradores do prédio onde vive o representante comercial Ademir Pimenta estão pensando em uma terceira alternativa para driblar um erro cometido pela construtora do prédio, que vendeu duas vagas individuais como sendo rotativas. “Temos que dividir a vaga com o vizinho e fazer um rodízio anual para ver quem vai ficar com qual vaga. É um inferno”, relata. “Estamos pensando em contratar manobristas para que todos possam estacionar.”

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