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O risco de derrubar uma “paredinha” só

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A dona da casa chama o pedreiro de confiança da família, percorre o corredor apontando um canto e outro onde quer um retoque de massa e chega ao quarto, onde faz a pergunta:

– Dá para derrubar aquela paredinha de nada, ali?

– É… a senhora querendo, a gente dá um jeito.

Mas quem já se apertou em exames de física e matemática sabe que as ciências exatas quase nunca admitem esses “jeitinhos” de improviso.

Reformar não é uma atividade qualquer, menor e que possa ser feita de qualquer maneira ou sob critérios empíricos, os especialistas advertem. As relações de forças que mantêm uma estrutura de pé são conseqüência do equilíbrio entre paredes, vigas, pilares e lajes definido pelo projeto.

Esses elementos podem ser alterados, mas mudar não é apenas sinônimo de retirar. São necessários cálculos que indiquem como redistribuir o peso da construção.

Uma regra que vale para casas e prédios, independentemente de seu uso e tamanho, e especialmente se o edifício for antigo: “Para mexer em um prédio o cuidado tem de ser maior”, diz o engenheiro Flávio de Lima. Seja qual for o andar, é preciso ter cautela.

Nem sempre uma parede é só uma divisória de cômodos. Em muitos casos, elas também têm função estrutural, contribuem para manter o prédio de pé.

Se por ali houver uma pilastra aí então é que o risco se torna maior e o perigo de alguma coisa sair errada aumenta. Projetados para suportar o peso das lajes e dar apoio às vigas, esses elementos só podem ser retirados depois de um estudo. “Para retirar um pilar tem de ser feito todo um cálculo específico.” Num prédio, os primeiros andares suportam o peso dos superiores, mas é um engano imaginar que isso torna as obras mais simples quando se aproxima dos últimos pavimentos. “Mesmo no último andar é perigoso por causa da caixa d”água.”

Aumentos – E pelo relato dos profissionais não são poucas as vezes em que os clientes pedem para que sejam retiradas paredes para aumentar o espaço de um cômodo. Em busca do que pareça a eles o ambiente ideal são cometidos alguns atentados à segurança.

A decoradora e paisagista Patrícia Pretola Martins conseguiu dissuadir uma de suas clientes da intenção de aumentar a garagem. Para que no espaço reservado para um carro ela pudesse estacionar dois, teve a idéia de quebrar uma parede e modificar a divisão do sobrado antigo. Mas na parede passava uma coluna e a operação não poderia ser feita de qualquer maneira.

“Estruturalmente não tinha como fazer”, disse Patrícia.

Diante da negativa, a cliente chegou a argumentar que a casa era antiga, o que serviu apenas para reforçar a convicção da decoradora. “Pior ainda, porque você não sabe como foi construído.” Há um mito de que as edificações mais antigas eram feitas de uma forma que permite mudanças sem grandes traumas. Seriam mais fortes e resistentes que as atuais. Um engano, segundo o engenheiro José Alves.

Novas ou antigas, as regras são as mesmas. É preciso saber como se divide o peso da estrutura e como cada elemento trabalha para manter o equilíbrio. As leis da física valem sempre. É preciso antes de mais nada ver o manual de instruções. No caso dos prédios e das casas: a planta.

Não é proibido fazer as alterações. “Se for mexer tem de ir com bastante cautela e pegar a planta o prédio”, diz Patrícia. As informações contidas no projeto e a atenção de um profissional especializado podem indicar o caminho para se chegar ao resultado esperado. O problema é que a responsabilidade pela transformação e o tempo para as contas e para a execução dos serviços não custam tão pouco quanto deseja quem queria um banheiro maior.

Também não se deve achar que, em vez de tirar uma parede, fazer uma nova é simples. Teoricamente isso parece mais fácil, afinal, em vez de reduzidos, os apoios serão aumentados. Mas entre a teoria e a prática há muita matemática. Segundo Alves, essa é outra operação arriscada. É preciso saber se fundações, pilares e vigas agüentam o peso adicional.

Pior ainda se a idéia for aumentar o imóvel construindo mais um pavimento.

Os cálculos têm de ser refeitos e além disso, adverte Alves, a união do material novo com o antigo nem sempre é tranqüila.

 

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