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A Vila Leopoldina, novo bairro da mídia

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Galpões industriais abandonados, ruas largas – muitas de paralelepípedo – quase sem movimento e praticamente nenhum serviço ou comércio por perto. A parte baixa da Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo – mais próxima da confluência entre os Rios Pinheiros e Tietê -, pouco a pouco ganha um agito novo e se transforma em reduto de empresas de mídia e comunicação – um “media district” a 11 quilômetros do centro.

A nova vocação do antigo reduto de chácaras e indústrias, que ainda abriga ícones do século passado como a Ceagesp, tomou impulso há pouco mais de um ano, quando a agência de publicidade Neogama/BBH transferiu para a região as instalações da Vila Olímpia. “Estava procurando um lugar amplo em que pudesse construir a agência sem barreiras físicas entre os departamentos”, afirma Alexandre Gama, que derrubou um dos antigos galpões da fábrica de canetas Bic – desativado na década de 90 -, para montar a agência em boa parte do terreno de 16 mil metros quadrados na Avenida Mofarrej.

Estimulados pelo arquiteto André Weiner, responsável pelo projeto de Gama, logo em seguida também vieram para o Espaço Bic o fotógrafo Bob Wolfenson , que instalou ali seu escritório, três estúdios e um laboratório digital; a produtora de vídeo de Suzana Villas-Boas, que com a locadora de equipamentos audiovisuais Broadcasting montou dois outros estúdios de TV e uma ilha de edição; o escritório administrativo da TVA, uma produtora de som, um escritório de web design e um banco de imagens. Logo ao lado, outro galpão, de 3.600 metros quadrados, está sendo reformado para abrigar mais uma agência de publicidade.

A revista Vogue cogita mudar-se para o quarteirão em frente, preenchendo parte do espaço que separará este núcleo de mídia do que será o primeiro meganúcleo de cinema do Estado. Batizado como Complexo de Infra-estrutura de Produção Cinematográfica, o projeto de R$ 15 milhões encabeçado pela empresa de iluminação Quanta abrigará quatro estúdios com tratamento acústico, restaurante, lojas de suprimentos e negativos, camarins, locadoras de equipamentos de iluminação e filmagem, oficina de marcenaria e pintura, e salas de pré-produção, com área total de 13 mil metros quadrados, onde antes funcionava uma empresa de fundição.

“Só no Rio tem algo parecido, mas lá é subaproveitado por ser longe do centro, no Recreio. Aqui o ponto é estratégico para as produtoras que já estão desde os anos 80 concentradas na região da Vila Madalena e Pinheiros”, afirma Marcelo Fujii, diretor da
Quanta.

Apesar de a proximidade não ser explicitamente declarada como ponto de convergência de novos negócios, Alexandre Gama assume que ter profissionais de toda a cadeia de comunicação por perto pode ajudar. “Com o trânsito caótico da cidade, é natural que a gente se beneficie disso para não perder tempo”, diz ele.

Por enquanto, os únicos aspectos que favorecem esse movimento midiático são os amplos espaços vazios a preços competitivos, a completa ausência de trânsito e a razoável rede de infra-estrutura de transmissão de dados já instalada.

Restrições

O aspecto atual do entorno, entretanto, não é unanimidade. “A Vila Madalena (onde estava antes) tinha muito mais serviços por perto, mas aqui é o futuro”, diz Bob Wolfenson, sem almoçar até as 17 horas, por não haver uma lanchonete próxima na qual pudesse comer rapidamente. Até o fim do ano, um restaurante deverá ser inaugurado no mesmo quarteirão e há a possibilidade de a banqueteira Neka Menna Barreto transferir sua cozinha para o bairro.

Com a proximidade do Cadeião de Pinheiros, a segurança é outro fator de atenção. “À noite, as ruas daqui ficam totalmente vazias”, afirma Suzana Villas-Boas. Acostumado a acompanhar trabalhos que entram madrugada adentro, Fujii já se planejou. “Teremos circuitos internos de TV, conexão direta com a polícia e um forte controle de acesso.”

Mas o maior problema é mesmo a chuva. Boa parte do bairro, que fica no nível dos rios, acabou submersa na grande chuva de maio. “Mas piscinas subterrâneas, barragens e um moderno sistema de drenagem já estão sendo construídos no espaço para que isso não se repita”, diz Sidney Angulo, da imobiliária Imóvel Comercial, dona e administradora do Espaço Bic. Nos estúdios da Quanta, todo o piso foi elevado 1,5 metro.”E estamos reavaliando nossa ida para lá. Já pensou investir um bom dinheiro e perder tudo na chuva?”, questiona Ricardo Kowarick, diretor da Vogue.

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