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Boa convivência, no bairro mais cool

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No bairro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de Rita Lee e Jô Soares, considerado o mais cool da cidade pela revista britânica Wallpaper, que em 2000 lhe dedicou 14 páginas, casas são raras. Mas existem. Procurando se acha até um sobradinho para comprar. Fica na Rua Sergipe, tem 250 m2 de área, terraços no quarto do casal e no telhado, sala para três ambientes com piso de tábuas largas, garagem e sótão. É de 1950, está pintado de amarelo e vermelho e sai por R$ 510 mil.

No Distrito da Consolação, onde fica parte de Higienópolis, vivem 54.500 pessoas, segundo dados de 2005 da Fundação Seade. Em Perdizes, zona oeste, moram cerca de 100 mil . Em Santana, zona norte, 119 mil. Em Moema, zona sul, 68 mil. Em Sapopemba, zona leste, 288 mil. No Grajaú, zona sul, 400 mil. Para o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia, esses números revelam um pouco do perfil de Higienópolis. “São poucas pessoas ocupando grandes espaços.”

Geralmente apartamentos de andar inteiro em edifícios que dispõem de grande infra-estrutura pela qual se paga muito e nem sempre se utiliza. Os condomínios nesses prédios custam R$ 2 mil, R$ 3 mil. Nas coberturas, chegam a R$ 4 mil. O tamanho do apartamento – 500 m2 de área em média – e a vista livre são o maior atrativo. Pesa também a suntuosidade.

Higienópolis e Jardins (no quadrilátero que compreende as Avenidas Paulista, Rebouças, Estados Unidos e Brigadeiro Luís Antonio) são as regiões mais verticalizadas da cidade. Nos últimos 21 anos – de janeiro de 1985 a fevereiro de 2006 -, só Higienópolis teve 85 lançamentos de prédios. Um por terreno.
No total, 3.188 apartamentos para cerca de 11 mil habitantes.

Incluindo as coberturas foram 3.273 unidades. Dessas, 622 são em prédios de quatro dormitórios, 523 de três, 589 de dois e 1.454 de um (incluídos aí flats e apart-hotel).
O valor geral de vendas disso é de US$ 660 milhões. “É uma fortuna, considerando que são apenas 85 prédios”, diz Pompéia. Um apartamento de quatro dormitórios custa em média US$ 571.610; de três, US$ 238 mil; de dois US$ 123 mil; e, de um, a bagatela de US$ 72 mil.

“Isso mostra claramente que o perfil de Higienópolis é de classe média alta e alta. Esse é o padrão do bairro, provavelmente o mais denso da região central”, diz Pompéia. “Curioso é que muita gente apostava que o Pátio Higienópolis não faria sucesso porque é vertical e os moradores se negariam a freqüentá-lo, preferindo ir ao Iguatemi. Embora isso ocorra, o shopping vive cheio e é o fundo imobiliário de maior sucesso do País.”

Higienópolis começou a se formar no fim do século 19 e se consolidou no começo do século 20. É um dos bairros mais antigos da cidade e o primeiro onde houve um esforço de marketing imobiliário porque outras regiões de São Paulo não tinham saneamento. O primeiro planejado foi Campos Elísios que, apesar disso, também não tinha. Numa das enchentes do Rio Tietê, as águas atingiram o bairro, deixando um saldo de doenças. Então, os empreendedores resolveram lançar Higienópolis, o primeiro bairro planejado e com saneamento.

Os barões do café se mudaram para o novo local – mais alto, arejado e ensolarado. Um bairro com grandes horizontes sobre o vale do Rio Pacaembu, que hoje passa sob a avenida.

Ali fizeram casas glamourosas, inspiradas na arquitetura européia. Uma delas, na esquina das Ruas Itacolomi e Piauí, ex-sede da Casa de Custódia da Polícia Federal, não lembra em nada esses tempos. Apesar de ser remanescente do perfil aristocrático do bairro, não é tombada. Um processo desse tipo foi arquivado em 1992 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat). Segundo parecer da época, o casarão não tem estilo arquitetônico definido e está descaracterizado. 

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