Vai vender ou alugar seu imóvel? Veja dicas para não queimar o filme

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Quando se pretende viajar a algum lugar, a primeira coisa que se faz é olhar as fotos da cidade, dos pontos turísticos. Isso porque as imagens traduzem a beleza do lugar, mostram detalhes que atraem e aumentam a vontade de visitar o local. Com imóveis à venda, as figuras cumprem o mesmo papel: chamar a atenção de quem está à procura, despertar o interesse e mostrar o suficiente para que o possível comprador chegue até o telefone e agende uma visita.

Para ajudar na tarefa de traduzir em fotos as características do lar doce lar, o Pense Imóveis conversou com especialistas e reuniu dicas de como fazer boas imagens com uma câmera comum.

A primeira dica de Nede Losina, fotógrafo e professor da escola de fotografia Projeto Contato, é usar um tripé ou um apoio para a câmera – pode ser uma cadeira, por exemplo – para evitar que a imagem saia borrada. A segunda dica é não usar flash, porque o mecanismo das máquinas comuns gera uma luz muito dirigida e que “não considera a iluminação natural do ambiente, que é sempre melhor”.

Acima, o fotógrafo deveria ter aberto a janela. Abaixo, pode-se perceber a iluminação e o tamanho do cômodo

O ideal é abrir todas as janelas e também ligar todas as lâmpadas do cômodo. Se o ambiente for muito grande, Losina sugere usar também um abajur nos cantos, ou iluminando algum espaço específico que se queira que fique bem na foto. O que não deve ser feito, alerta o fotógrafo, é usar uma luz aberta (só a lâmpada sem o bojo do abajur, por exemplo), porque na imagem ela aparece como um clarão. Se for usar, cubra a lâmpada com um tecido – e, claro, não deixe a “gambiarra” aparecer na foto.

Câmera registra o detalhe do forro de gesso rebaixado

Questão de observação
O professor de fotografia ressalta que fazer uma foto não é simplesmente levantar a câmera e apertar um botão. É preciso parar e observar o espaço a ser retratado e escolher o melhor ângulo para fazer o registro. “Sobe numa cadeira, te abaixa, te acostuma ao ambiente, repara no que tem nele; isso faz toda a diferença”, aconselha.

Detalhes merecem atenção especial das lentes. Se o teto tem alguma característica especial, por exemplo, pode-se colocar a câmera quase no nível do chão e fazer a foto “olhando para cima”. O mesmo vale com algum detalhe do piso. Losina esclarece que o ideal é ter pelo menos um dos dois elementos na mesma foto, piso e teto, e o melhor mesmo é ter ambos. “Isso serve para dimensionar o espaço, dar uma referência de tamanho para quem olha”, diz o fotógrafo. A tentativa deve ser sempre a de mostrar todo o ambiente.

Foto mostra o tipo de piso do cômodo. Para melhorar, a sandália ao lado do sofá e a criança sobre ele poderiam sair do enquadramento

Preferencialmente, imagem deve mostrar chão e teto, para dar noção de tamanho do ambiente

Um alerta é com relação à composição das linhas, principalmente em relação aos cantos da parede. As câmeras amadoras tendem a “curvar para dentro” os cantos da parede, e isso é mais evidente se a aresta está mais perto da borda da foto. Para evitar esse efeito, a sugestão é enquadrar a quina da forma mais centralizada possível.

Fotos externas
A observação também vale para as fotos feitas fora da casa, seja da fachada ou de ambientes como piscina e quintal. O professor de fotografia ensina que os objetos mostrados na imagem devem estar todos com a mesma luz, ou seja, ou tudo no sol ou tudo na sombra.

Ideal é fazer fotos externas em dias bem iluminados

Se o interesse for, justamente, mostrar a sombra em determinado local, Losina sugere os horários cedo de manhã ou no fim da tarde. “Entre 10h e 16h não é muito bom para fazer essas imagens, porque a luz geral é muito branca, e a sombra acaba ficando muito escura”, detalha. O sol deve ficar atrás ou ao lado do fotógrafo, sugere Losina.

Para evitar as distorções das linhas, a sugestão é fazer a foto a alguma distância da casa, e aproximar um pouco a imagem usando o zoom da própria câmera. Também é aconselhável que o fotógrafo esteja um pouco mais alto que o nível do chão, para dar uma proporção melhor do imóvel. Além disso, no caso de piscinas, a foto feita de cima de uma escada de três degraus, por exemplo, dá impressão de profundidade, em vez de parecer um objeto chato.

Fotógrafo dá noção de profundidade com foto de ângulo mais alto

Para a fachada, o professor recomenda uma foto frontal, evitando ângulos. A exceção é se o proprietário deseja mostrar a parede lateral, “ou mostrar que o imóvel é afastado da extremidade”, exemplifica. Nessas situações, o ideal é fazer duas imagens separadas: frente e ângulo com fachada e lateral. Se só for possível usar uma foto, ele diz que ficaria com a segunda opção.

“Limpar a foto”
O fotógrafo Nede Losina destaca ainda que é preciso estar atento aos mínimos detalhes do cômodo, àqueles que costumam passar despercebidos. “Na fotografia tudo aparece mais”, lembra. O conselho é checar se não há jornais cima da mesa, algum fio solto na parede, ou mesmo uma cadeira fora do lugar. A esse processo de arrumação ele chama de “limpar a foto”.

Acima, foto mostra a amplitude do pátio, mas a roupa do varal poderia ter sido recolhida. Abaixo, fotógrafo acertou em não ter louças na pia ou objetos sobre o balcão, além da luz natural que entra pela janela

“Limpar, nesse caso, é tirar tudo o que não serve para algo”, explica. Metades de árvores e carros também entram para a lista de “sujeiras”: ou a imagem mostra toda árvore ou não mostra nada. No interior da casa, o professor diz que até vale, por exemplo, deixar copos marcando os lugares da mesa. Isso porque são objetos que dão referência de tamanho; mas montar a mesa toda, com pratos e talheres, ele já acha exagero.

Na parte externa, o cuidado é com carros e pessoas passando. A dica é esperá-los sair do enquadramento e só então fazer a foto.

O que fotografar
Quando for fotografar o mesmo ambiente mais de uma vez, Losina orienta a sempre deixar um objeto – ou mesmo uma parede – aparecendo na foto anterior e na seguinte, para que quem observe a imagem entenda a sequência.

O encosto do sofá serve de referência para quem vê a foto entender que a cozinha está atrás da sala

Egidio Scartazzini, proprietário da agência de marketing Genesis Scartazzini, dá dicas sobre o que fotografar em um imóvel. Ele é responsável pela conta da Guarida Imóveis, em Porto Alegre.

– A foto da fachada é a primeira que deve aparecer. Procure valorizar a arquitetura, o paisagismo e a segurança da propriedade;

– Sempre que possível, as fotos devem mostrar a luminosidade natural de cada ambiente, principalmente quando não estão mobiliados;

– Itens de estrutura diferenciados valem fotos exclusivas: sacada, churrasqueira, hidromassagem, living com dois ambientes, piscina, cozinhas amplas, etc;

– Detalhes que valorizam o imóvel merecem atenção: acabamento no teto, no piso, iluminação, esquadrias, banheiros, etc;

Vista de janelas e sacadas merece ser registrada. Neste exemplo, observe o mar, ao fundo, à direita da varanda